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Travessia dos Lençóis Maranhenses

Travessia dos Lençóis Maranhenses

Lençóis Maranhenses – Roteiro Norte x Sul

De todas as viagens que já fiz, devo admitir que a expedição para os Lençóis Maranhenses inundou meu coração de um jeito que nem eu mesma imaginava ser possível. Proposta pela Rio Radical com praticamente 1 ano de antecedência, não poderia deixar essa aventura de fora das minhas memórias. Durante longos 12 meses criei incontáveis expectativas quanto ao que me aguardava nos Lençóis e, devo admitir, todas foram superadas na velocidade da luz. Não poderia deixar de citar, claro, que além de expectativas também tive receio... Receio por saber que seria uma caminhada total de 40km na areia, subindo e descendo duna debaixo do sol do nordeste brasileiro, somado ainda a ter que carregar nas costas uma mochila de aproximadamente 13kg. Sabia que meu corpo poderia exigir um tipo de descanso que talvez as noites na barraca não supririam. Acredito que provavelmente este possa ser o receio de muita gente que pretende fazer o roteiro. Entretanto você fica tão extasiado com o lugar, que isso se torna pequeno. Pequeno ao ponto de só sentir o cansaço verdadeiro bater na porta no momento em que entramos no ônibus para retornar ao hotel, no último dia.

Caminhar e acampar pelos Lençóis Maranhenses é uma experiência que todo mundo que gosta de aventuras deveria se propor a fazer. Este relato não fará jus ao quão esplêndido é aquele lugar. Apenas indo, sentindo e vivenciando para saber a real dimensão do que é ficar isolado no meio das dunas. Somente você, seu grupo, o dia ensolarado e o céu absurdamente estrelado.

  • Primeiro dia:

No primeiro dia, após algumas horas na estrada e na voadeira (barco utilizado para cortar o rio Preguiça), iniciamos nossa caminhada de 10km rumo ao restaurante da dona Luzia no Canto do Atins. Lá almoçamos, jantamos e passamos a nossa primeira pernoite fora do hotel. Redes e simples quartos foram disponibilizados para essa curta estadia.


Dona Luzia é conhecida por fazer o melhor camarão do Maranhão e, de fato, é uma delícia, não só o camarão como todos os demais pratos. Todas as refeições que fizemos lá foram bastante regadas. Ah, não poderia deixar de citar a sobremesa, uma cocada produzida lá mesmo, extremamente viciante! Até eu que não sou chegada a doce, me rendi. Dona Luzia e sua equipe estão de parabéns.

Ainda no Canto do Atins fomos assistir ao primeiro pôr do sol numa duna próxima ao restaurante. Dali você já sente o gostinho do que te espera nos dias posteriores. 


  • Segundo dia:

Para o segundo dia de caminhada, levantamos acampamento cedo, tomamos um café bem reforçado (servido no local) e nos despedimos da dona Luzia e sua equipe. De lá, partimos em um trajeto de mais 10km com destino ao meio dos Lençóis Maranhenses. A partir dessa caminhada comecei a ter uma dimensão ainda maior da exuberância do lugar. Quando você acha que não pode ficar mais bonito, fica! E vai ficando, ficando, até não se ter mais um parâmetro de beleza para comparar. 

Durante o percurso pequenas pausas ocorreram para hidratação, alimentação rápida e o melhor: os mergulhos refrescantes. Em uma delas, um momento especialmente marcante, guardo com muito carinho... Demos as mãos em círculo, dentro de uma das lagoas. Puxamos um integrante do grupo para o centro, começamos a jogar água nele e posteriormente uns nos outros, como uma espécie de batismo coletivo da aventura que estávamos vivenciando. Foi uma ocasião tão bonita, com tanta pureza, tanta energia positiva, tanta risada gostosa, que para mim, marcou e materializou qual era a essência daquela expedição.


Após muito sol na cabeça, muita andança e muita conversa trocada, chegamos ao nosso 1º ponto de acampamento, uma magnifica lagoa que não se avistava o fim. Montamos nossas barracas com ajuda dos membros da equipe (já que elas não podem ficar dispostas em qualquer lugar ou direção, por conta do vento e possível modificação do nível da água dos Lençóis durante a noite) e depois de tudo organizado dentro das respectivas barracas, era hora de relaxar, curtir o dia e resfolegar o corpo para a caminhada do dia seguinte. Quando a noite caiu, nos reunimos para jantar (uma macarronada deliciosa preparada por um dos guias), olhar as estrelas e o nascer da lua. O céu de lá é simplesmente surreal, aliás, o lugar inteiro, 24h por dia é surreal. A meu ver, dos dois pontos de acampamento, esse foi o mais deslumbrante.


  • Terceiro dia:

No terceiro dia de jornada saímos em busca do nosso 2º ponto de acampamento. Além de ser a etapa mais longa, algumas lagoas estavam secas por não ter chovido nos dias anteriores, logo, acabamos trilhando o caminho sem tantas pausas para os mergulhos refrescantes que citei anteriormente. Após 12km no pé, chegamos a nossa nova “casa” e montamos novamente nosso condomínio (como carinhosamente apelidamos o conjunto de barracas).


A estratégia para o 2º ponto de acampamento é ficarmos perto do local de “resgate”, onde os 4x4 nos esperam no último dia de expedição.


  • Quarto e último dia de andança:

Como tudo que é bom dura pouco, o último dia de expedição bate à porta... O sol nasce e a gente se despede da aventura que é cruzar os Lençóis Maranhenses. Logo cedo, após admirar o nascer do sol, nos reunimos para um café comunitário na nossa cozinha improvisada. Cada um ofereceu o que ainda tinha de alimento na mochila e assim montamos um super banquete para forrar o estômago e seguir para o ponto de resgate.


Por ficar perto, não precisamos iniciar a caminhada tão cedo, cerca de 40 minutos são o suficiente para voltar à civilização. Nosso ponto final é a Lagoa dos Peixes, onde os turistas “normais” ficam. Chegando lá, nos abraçamos com a sensação de desafio cumprido e seguimos para os 4x4 que estavam supridos de garrafas com água geladinha a nossa espera e prontos para o resgate.


  • Considerações finais:

Quem busca uma viagem completa afim de conhecer os Lençóis Maranhenses, essa é a experiência certa. Há alguns anos eu já tinha planos de viajar parar esse lugar. Entretanto, nem nos meus melhores sonhos imaginava ser da forma que foi. Acredito ser obrigatório citar que fiz parte de uma turma particularmente incrível, com uma energia contagiante. E quando isso acontece, tudo se torna mais prazeroso. A jornada da caminhada, as rodas de conversa e as incontáveis brincadeiras ao longo de todos os dias que estivemos juntos fizeram tudo ficar ainda mais mágico. O lugar em si emana uma magia que te envolve. É impossível não viver uma experiência fascinante estando lá, principalmente da forma que estivemos: acampados, sem sinal de celular, sem interferência externa, apenas um grupo de 27 pessoas dispostas a viver.


Quando pus os pés no hotel e me toquei de que tinha acabado, instantaneamente me bateu um sentimento de saudade. Saudade de dias que foram profundamente bem vividos. Por isso ano que vem estarei de volta para fazer o roteiro Leste X Oeste e mais uma vez ver, viver e sentir o que é os Lençóis Maranhenses. Alguns amigos que já foram outras vezes sempre me dizem que cada ida é única, e se for isso mesmo, pretendo ter muitas outras únicas vezes naquele lugar.


  • Dúvidas que podem surgir:

Banheiro: Ao nos alocarmos nos pontos de acampamento, é dada a orientação de não utilizar a lagoa principal para fins de higiene pessoal, e sim, uma próxima. Pois é a água dá lagoa do acampamento que iremos usar tanto para beber quanto para cozinhar as refeições, logo, o ideal é que ela fique o mais limpa possível, sem qualquer tipo de contaminação.  Além disso, as necessidades fisiológicas podem ser feitas em pontos próximos ao acampamento, longe da vista de todos... O ideal é cavar (com o auxilio de uma pá) um buraco de aproximadamente 20cm e após feitas as necessidades, enterrar os dejetos.

Ps: Os guias orientam quanto ao local ideal para cada situação.

O que levar: Não é necessário quebrar a cabeça para pensar no que se deve levar. A própria empresa disponibiliza um check list onde irá constar os equipamentos essenciais além do vestuário e materiais sugeridos para compor sua mochila.

Ps: Mesmo sendo informada que não seria necessário por conta das altas temperaturas da região, optei por levar um saco de dormir compacto e leve, voltado para climas amenos. Sou uma pessoa extremamente frienta, então, sabia que levá-lo poderia me trazer um conforto maior tanto no primeiro dia (em que dormimos nas redes), quanto nas noites seguintes (passadas dentro da barraca). E realmente deu certo. Não modificou tanto o peso da mochila e me proporcionou uma melhor noite de sono.

Também levei uma “calça modular” comprada na Decathlon. Por ter a opção de virar um short, junta praticidade e conforto numa peça só. Lá estamos em contato direto, 24h por dia com água e areia, o ideal é uma peça de roupa que seque rápido, não pese e seja prática. A calça convencional de lycra gruda no corpo e depois que você tira é quase impossível colocá-la novamente. Ao meu ver, a calça modular atende muito mais as necessidades exigidas nessa travessia.

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